sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um balanço da viagem a Santiago-Chile ou 15 dias sozinho no Chile



 Uma grande dificuldade de um texto é como começar. Trata-se de meu primeiro post, no meu primeiro blog sobre a primeira viagem ao exterior que planejei sozinho. Talvez isso só aumente a utilidade do texto pois trata-se de uma visão diferente. Como primeira viagem grande que planejo, tive várias dúvidas que talvez muitos outros também tenham.


Compra das passagens

A história começa com a compra das passagens. Passei algumas semanas olhando passagens, esperando uma promoção e etc. O fato é que as passagens para Santiago são bem baratas. Talvez mais baratas do que ir pra uma grande cidade do Nordeste. Além disso, são somente 4 horas de voo a partir de São Paulo. No final das contas, minha mãe descobriu 8 mil milhas num cartão de crédito que eu combinei com mais 400 reias e comprei passagens de ida e volta.


Documentos

Uma vantagem de ir pro Chile (ou qualquer outro país do Mercosul) é não precisar de visto. Basta levar a identidade. Por via das dúvidas, levei meu passaporte. Não precisei dele, mesmo assim, levaria de novo. Vai que...


Câmbio

O passo seguinte foi a conseguir algum dinheiro em espécie. Eu sempre prefiro levar dólares. Comprei somente o equivalente a 400 reais em pesos e o restante do dinheiro levei em dólares em espécie mesmo. Não confio em cartões. Em todas as situações em que alguém perto de mim precisou daqueles cartões pré-pagos, eles não funcionaram em algum momento. Dessa vez não foi diferente. Sempre tinha algum colega dizendo que ficou na mão em algum momento ou que não poderia sair naquele dia pois teria que encontrar um ATM compatível para sacar algum dinheiro. No meu caso, meu inconveniente era ter que ir eventualmente à uma casa de cambio e, claro, ter que andar com um volume grande de dinheiro. Eu diminuí esse risco deixando boa parte do dinheiro escondido no meu quarto e levando comigo só o suficiente para o dia.


Cartão de Crédito;
O meu cartão de crédito também foi útil, até o momento em que não foi mais. Explico, apesar de ter liberado seu uso no exterior (não se esqueça de fazer isso, se pretende usar o cartão de crédito fora do país), depois de algum tempo bloquearam o cartão e a única mensagem que aparecia quando tentava comprar algo era “Não autorizado”. A companhia de cartão o bloqueia por motivos de segurança. Já tinha lido sobre isso e não me surpreendi. Ainda bem que eu tinha meus dólares.
Essa coisa de levar dinheiro em espécie não é recomendada por nenhum blog de viagem que li, obviamente pelo risco que envolve andar por aí num lugar desconhecido cheio de dinheiro vivo no bolso, mas, nesse caso, correr esse risco foi o que me salvou de maiores transtornos.

Inflação
Ainda sobre dinheiro, é importante dizer que a inflação no Chile é cruel. Santiago é uma cidade surpreendentemente cara. Um choppe numa sanduicheria qualquer custa o equivalente a aproximadamente 15 reais. Os vinhos, que eu esperava que fossem uma bagatela, não são tão baratos assim, na maior parte dos casos, cerca de 10 reais mais baratos do que no Brasil. Ah, e o câmbio é de fundir a cabeça. 1 real compra cerca de 202 pesos. 1 peso equivale a mais ou menos 0,0047 dólar. Depois de alguns dias eu desisti completamente de fazer qualquer tentativa de conversão. Na maioria das coisas que comprei, não sei se paguei caro, barato ou a mesma coisa... "Quem muito converte não se diverte!"

A maneira mais segura que encontrei de ir até o lugar onde ficaria foi pegando o táxi do próprio aeroporto. Mais tarde descobri que era bem mais caro do que os outros serviços de táxi mas tem preço fixo por local e recebe antes de sair. Como estava num lugar onde não conhecia nada e não dominava o idioma, acho que foi a decisão correta.
Na volta a coisa foi mais tranquila. Já com o espanhol um pouco mais afiado e o mapa da cidade na cabeça, chamei um taxi na rua mesmo e pedi que me levasse até o aeroporto.
Aliás, sobre o mapa na cabeça eu não estou falando a verdade. Um aplicativo pra Iphone me safou várias vezes. É um aplicativo de mapas com várias dicas da cidade e que funciona off-line. É só fazer o download do mapa (cerca de 20MB) enquanto tiver acesso a wi-fi e pronto. Ele te diz onde vc está e quais os pontos de interesse ali por perto. Esse aplicativo mágico se chama CityMaps2Go. Só há uma ressalva, para iOS funcionou perfeitamente, contudo, alguns amigos que usaram a versão Android reclamaram dizendo que não funciona tão bem assim.

Clima
Tudo indicava que eu teria dias quentes em Santiago. Não foi o que acoteceu. Apesar de ser setembro, nevou em vários pontos perto de Santiago. Em algumas noites chegou a fazer -8ºC. Felizmente tinha alguns casacos comigo e comprei uma luva no centro da cidade. A luva, em particular, foi uma excelente aquisição em Santiago. Provavelmente não terá muita utilidade aqui em Brasília. Ah vai outra dica, roupas de couro em são bem baratas no Chile, o único problema é que latinos não tem muito bom gosto pra roupas. Eu, pelo menos, não consegui encontrar nada que me agradasse.

Cidade

Santiago é uma cidade muito segura (há policiais, los carabineros, por toda parte), limpa e organizada. O transporte público funciona muito bem, mas não entre em um ônibus esperando pagar sua passagem com dinheito. Eles só aceita a “tarjeta bip” que é um cartão pré-pago que pode ser comprado e abastecido em qualquer estação do metrô.



Vale muito a pena ir ao Mercado Central e dedicar uma tarde inteira ao Centro Histórico. O que não vale muito a pena é comer a famosa Centolla (caranguejo gigante chileno). É bem curioso e é gostoso também mas não tem nada de especial. Nada que valha 250 reais. Na verdade, o que pedi de entrada estava muito melhor que o prato principal: ostras ao molho gorgonzola.
Cheguei na cidade num domingo a tarde, sozinho. Logo que me deixei minhas malas na residência estudantil onde ficaria (comento sobre a estadia mais adiante) saí para procurar alguma coisa para comer. Fui caminhando até o Centro Histórico de Santiago. Ali vi dois restaurantes, um ao lado do outro. Um francês o outro me pareceu um lugar onde as pessoas que trabalham ali perto almoçam. Escolhi a segunda opção porque queria experimentar a culinária local. Não aquelas coisas pra turista, a verdadeira culinária local, a que as pessoas comem no dia-a-dia.
Naquele restaurante eu tive o primeiro choque. Apesar de falar alguma coisa de espanhol, eu não consegui (e ainda não consigo) compreender uma única palavra escrita nos cardápios.Chilenos colocam nomes bizarros em suas comidas. Chamei o garçom e perguntei quais eram os pratos mais vendidos. Ele me apontou dois. O primeiro foi dispensado por ter batatas fritas, escolhi o segundo: Pastel Choclo (o nome não significava pra mim naquele momento). Para acompanhar, uma cerveja Corona mexicana, já que as outras opções eram Budweiser e Heineken (nada contra, mas essas eu bebo aqui no Brasil).
Passados alguns minutos o garçom chegou com dois pãezinhos fumegantes, um potinho com manteiga e um com vinagrete picante. A primeira coisa que me veio a mente foi: PQP! Só isso?! Não, não era só isso. Servem-se esses pãezinhos em quase todos os restaurantes de Santiago. É uma entrada. Mais um tempinho e o meu prato chega. Uma panelinha da barro com algo parecido com um “bolo de pamonha doce”. No funda da panela havia cebola, carne de gado, carne de frango e azeitona. Não dá pra dizer que eu tenha gostado daquilo mas valeu a experiência.
Saí do restaurante tranquilamente tomando a minha cerveja. Só descobri no dia seguinte que é proibido beber nas ruas de Santiago.
Nos dias seguintes, passei um tempo almoçando qualquer porcaria que encontrava até que descobri o Patio Bellavista. A comida é um pouco mais cara, mas vale cada centavo! O lugar é um shopping a céu aberto com vários restaurantes excelentes. O que eu faço é escolher um que não esteja nem muito vazio, nem muito cheio e entrar pedindo o prato mais vendido ou alguma sugestão do dia. Pra mim funcionou muito bem.
Escola

Como eu mencionei acima, eu fiquei numa residência estudantil (COINED International). Isso que fiz duas semanas de curso de espanhol. Eu tive aula com mais três colegas de 9h às 13h por duas semanas. Pelo menos esse era o plano. Não fui avisado que na segunda semana haveria um feriado de 3 dias. Tiveram que repor as aulas durante a tarde. O resultado disso é que minha ida e Mendoza teve que ser cancelada já que não encontraria passagens nem lugar para ficar. Outro furo da escola foi não ter avisado uma mudança no horário do país (algo análogo ao nosso horário de verão). O interessante é que o Diretor Acadêmico da escola veio tentar me dar uma bronca por me atrasar na primeira aula. A vontade que tive foi de mandar tomar no cu. Ainda bem que não fiz isso. Dias depois, num bar, acabamos nos dando bem.
Enfim, o que mais importa é que as aulas de espanhol era muito boas e úteis. Os dois professores com quem tive aula realmente sabiam dar aulas para estrangeiros. Várias momentos das aulas eram dedicados a esclarecer dúvidas sobre situações reais que os alunos passaram no dia-a-dia no Chile, assim, o curso era bem prático.
Outro aspecto  bacana de fazer esse tipo de curso no exterior é a quantidade de gente que se conhece. Acabei ficando amigo de vários brasileiros e pessoas de vários outros países que estavam fazendo o mesmo curso. Isso fez com que os melhores momentos da viagem não fossem durante os passeios turistando mas no próprio saguão da escola onde tomávamos vinho quase todos os dias.

Quanto as minhas instalações, o quarto era bastante espaçoso, mas era bem simples. Uma cama boxe de solteiro, um guarda roupa, uma criado-mudo com uma luminária. O banheiro é compartilhado, havia uma sala ao lado do quarto com uma mesa e uma geladeira. Wi-fi, melhor do que a da minha casa, à disposição. O alojamento me atendeu perfeitamente e saiu muito mais barato do que ficar em hotel.
É importanto falar sobre o pagamento também. Fiz em duas vezes, na primeira, paguei via transferência bancária. Uma armadilha! Levou dias até que fosse realizada e ainda me cobraram taxas absurdas (quase 40% do valor). A segunda parte paguei via paypal no próprio site da escola (http://intercoined.com/) e só me foi taxado o IOF para cartão de crédito (acho que 6%).


Outros passeios interessantes
O Chile tem lugares fantásticos para conhecer mas também é cheio de armadilhas para turistas. Sabe aquelas coisas que todo mundo diz que é algo fantástico e que vc precisa conhecer mas quando vc chega lá não há nada de mais? Passei por algumas assim no Chile mas ao invés de citá-las, vou citar os lugares que gostei mais e que não citei acima:


Valparaíso e Viña Del Mar




Aluguei um carro e fui até essas duas cidades (que ficam quase juntas). Ali fiquei num hostel pela primeira vez (não me lembro mais o nome). Eu desconfiava muito de qualquer tipo de hostel. Pois é, eu estava enganado. O lugar era sensacional! Muito melhor do que muito hotel caro que já fiquei por ai.
Infelizmente, por ser feriado, não havia muita coisa aberta na cidade mas mesmo assim acho que valeu a pena.










Concha y Toro

Se você gosta de vinhos, é um passeio obrigatório. É aqui onde fica o célebre Casillero del Diablo. Há uma loja de conveniência e um “bar” muito interessantes também. Esse passeio foi organizado pela escola, eu só paguei (cerca de 12000 pesos) e tive transfer, guia, degustação de três vinhos e ainda ganhei uma taça personalizada. Como fui logo após o inverno, época da poda, não havia parreiras (todas podadas). Durante o verão ele te deixam experimentar as uvas.



Cerro San Cristóbal





Vale a pena subir e tomar mote con huesillos. A vista é fantástica, o contraste da cidade com a cordilheira é realmente alguma coisa pra se ver. Mote con huesillos é uma bebida de pêssego com cereias típica do Chile. É bem feio mas é bem gostoso também.






Uma ultima dica:

Foi o que eu usei para montar o meu roteiro. Tem umas dicas de viagens valiosas aí.

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